A campanha Setembro Amarelo tem o objetivo de promover informações sobre saúde mental e prevenção do suicídio, um problema sério de saúde no Brasil e no mundo. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida por ano no mundo. No Brasil, são cerca de 12 mil pessoas por ano, o que significa um suicídio a cada 46 minutos.
Entre as principais causas estão a depressão, o transtorno bipolar e o abuso de drogas. Na pandemia, outras questões que afetam a saúde mental vieram à tona, como os problemas familiares, o medo da doença, a incerteza em relação à economia, a solidão e o afastamento de atividades de lazer. Ainda não há dados precisos sobre o impacto da pandemia e do isolamento social nos números de suicídios. Porém, uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Psiquiatria revelou que 89,2% dos especialistas entrevistados destacaram o agravamento de quadros psiquiátricos em seus pacientes durante a pandemia.
O primeiro passo para mudar essa realidade, durante e após a pandemia, é a informação. Por isso, continue a leitura e saiba mais sobre esse problema, a importância do apoio familiar e dos amigos e, principalmente, do acompanhamento profissional.
Como identificar comportamentos e prevenir o suicídio
De acordo com a OMS, 90% dos casos possíveis de suicídio podem ser prevenidos. Na maioria das vezes, os sintomas são silenciosos, mas existem alguns detalhes que podemos prestar atenção. Entre os principais sinais de comportamento suicida estão:
- falar muito sobre a própria morte e demonstrar desesperança em relação ao futuro;
- usar expressões que manifestam intenções suicidas, como “vou desaparecer”, “vou deixar vocês em paz”, “eu queria dormir e nunca mais acordar” e “não aguento mais”;
- reduzir as interações: não atender o telefone, não responder mensagens e preferir ficar isolado;
- apresentar grandes mudanças de humor: estar eufórico em um dia e profundamente desanimado em outro, por exemplo;
- começar a se despedir de amigos e familiares como se não fosse vê-los novamente.
Nesses casos, é importante conversar com a pessoa de forma aberta, respeitosa e empática, praticando a escuta ativa, para que ela sinta que está realmente sendo ouvida e compreendida. Não é possível prever com certeza se uma pessoa vai ou não tirar a própria vida, mas estar atento ao comportamento das pessoas à sua volta e não ignorar sinais que podem ser pedidos de ajuda faz toda a diferença.
Por que é importante ter um acompanhamento profissional?
Além do apoio de amigos e familiares, outro fator muito importante do cuidado com a saúde mental é o acompanhamento profissional. Psiquiatras e psicólogos podem oferecer outras perspectivas e ajudar no desenvolvimento de habilidades emocionais para administrar os sofrimentos. Entre os principais benefícios da psicoterapia estão:
- alívio da angústia e do sofrimento, por meio da elaboração de estratégias para lidar com os sentimentos;
- identificação da origem de sofrimentos e comportamentos e a melhor maneira de mudá-los ou, ao menos, amenizá-los;
- autoconhecimento;
- é um espaço seguro para desabafar e expressar sentimentos, sem medo de julgamentos.
Infelizmente, ainda existe preconceito em relação à psicoterapia, e muita gente acaba não procurando ajuda quando passa por um momento difícil. Por isso, é importante lembrar que psicoterapia não é “coisa de louco” e não é apenas para conversar. Afinal, assim como não há sentido em suportar uma dor física, ninguém precisa aguentar uma dor mental. Procurar ajuda profissional é o melhor caminho.
Cuide da sua saúde mental e preste atenção nas pessoas ao seu redor. Se precisar de ajuda, ligue para o CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo número 188.
O CVV tem voluntários treinados para conversar com pessoas que estejam passando por dificuldades e pensando em tirar a própria vida.