A obesidade é considerada um dos principais desafios da saúde pública global, pois provoca a perda de qualidade e de tempo de vida, além de ter um impacto socioeconômico significativo, com o aumento do uso dos serviços de saúde e a diminuição da capacidade produtiva. Desde 1980, a ocorrência de obesidade vem aumentando na população mundial. A Organização Mundial da Saúde identificou, em 2015, que 5% das crianças e 12% dos adultos eram obesos. No Brasil, a estimativa é de que 54% da população tenha sobrepeso e 19% seja obeso. A obesidade está na causa central de diversas doenças, como diabetes, hipertensão arterial sistêmica, câncer, doenças osteoarticulares e doenças psiconeurológicas.
Quais são as causas e como prevenir a obesidade?
De acordo com o Cirurgião do Aparelho Digestivo do Hospital Baía Sul, Dr. Eduardo Schimidt, “a obesidade é considerada uma doença complexa na sua origem, com múltiplos fatores de risco, sendo que a maioria desses fatores são modificáveis, ou seja, possíveis de prevenção”. A piora nos hábitos alimentares e a elevação total das calorias ingeridas são os principais fatores de risco para a obesidade. Entre os maus hábitos alimentares, estão a ingestão de alimentos de fácil utilização, processados, com alto valor calórico, ricos em açúcar, sal e gordura e pobres em nutrientes. Por serem mais palatáveis, eles ganham espaço no dia a dia, muitas vezes substituindo os alimentos “in natura”, pouco processados e ricos em nutrientes e fibras.
Além disso, a forma de se alimentar também influencia na qualidade da alimentação. “Comer sozinho, sentado em frente às telas, andando na rua e com pressa, pode levar a um consumo em maior quantidade e pior qualidade dos alimentos”, enfatiza o Dr. Eduardo Schimidt. Assim, manter uma dieta rica em frutas, verduras e grãos integrais e um comportamento saudável na hora das refeições, são hábitos que provocam efeitos benéficos na circunferência abdominal, diminuindo o risco de obesidade, pressão arterial, triglicerídeos e colesterol e prevenindo doenças cardiovasculares, cancerígenas e neurodegenerativas.
Como é feito o tratamento da obesidade?
O tratamento da obesidade é multidisciplinar, pois é uma doença crônica e com capacidade de recorrência. Não há cura, mas, sim, controle. O Dr. Eduardo Schimidt lembra que “o objetivo do tratamento é a perda de peso, sem parâmetros estéticos, e também prevenção e o controle das doenças associadas, atingindo uma melhor qualidade de vida com a persistência na mudança do estilo de vida”.
Esse tratamento é baseado em dietas, atividades físicas e mudanças comportamentais, e pode ser auxiliado com medicamentos específicos, sempre com recomendação, supervisão e acompanhamento médico, nutricional, psicológico e físico. Além disso, quando as medidas clínicas não resultam em perda de peso efetiva, principalmente em casos de obesidade grave ou mórbida, deve ser considerado o tratamento cirúrgico. É nesse momento que entra a linha de cuidados do projeto Excella, iniciado em 2019 no Hospital Baía Sul.
O que é o Serviço Excella?
Como explica o Dr. Eduardo Schimidt, o Serviço Excella “visa realizar a adequada seleção dos pacientes elegíveis ao tratamento cirúrgico da obesidade em todas as fases. Conta-se com uma equipe multidisciplinar, com profissionais da endocrinologia, clínica médica, nutrição, psicologia, fisioterapia, enfermagem e, por último, o cirurgião do aparelho digestivo-bariátrico. Dessa forma, busca-se, de forma completa, avaliar, selecionar, preparar, informar e conscientizar esses pacientes com obesidade sobre o tratamento cirúrgico que se pretende realizar e as perspectivas do resultado”.
O objetivo do Serviço Excella é cuidar dos pacientes, desde o período pré-operatório até o pós-operatório, incluindo o seu período de internação hospitalar, reduzindo a morbi-mortalidade do tratamento cirúrgico. A longo prazo, o objetivo desse projeto tão importante do Hospital Baía Sul é controlar a obesidade e as doenças associadas a ela, resultando na melhora da qualidade de vida e no ganho de tempo de vida para os pacientes.